No último 8 de março, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Quixadá, Ibaretama, Banabuiú, Choró e Ibicuitinga (Sindsep) levou sua voz e força à Praça José Linhares da Páscoa, em Quixadá, em um ato público que reafirmou a luta das mulheres por direitos, dignidade e democracia. A mobilização integrou a agenda nacional de enfrentamento à violência de gênero e reivindicação de políticas públicas efetivas.
A presidenta do Sindsep, Izaltina Gonzaga, ressaltou o compromisso do sindicato com a luta diária das mulheres e com a resistência contra todas as formas de opressão. “Estamos nesse 8 de março trazendo a nossa força, a nossa voz. Você que sofre violência não está sozinha. O Sindsep reafirma essa luta pela vida das mulheres, por direitos e democracia, sem anistia para os golpistas. A nossa luta é todo dia. Somos mulheres e não mercadoria. E a nossa tribuna é livre”, destacou Izaltina.
Outro ponto central do ato foi a denúncia sobre a escalada da violência contra a mulher. Sheila Gonçalves destacou que as agressões não se manifestam apenas nos casos extremos de feminicídio, mas também nos pequenos sinais que muitas vezes são ignorados. “A gente encontra companheiras com uma mancha roxa no braço, e elas não assumem, têm medo, têm vergonha de dizer que aquilo ali foi o marido ou companheiro. Isso é violência. E a violência física não se restringe ao caixão. Ela começa no namoro, no ciúme possessivo, na ‘brincadeira’ de beliscar. Isso não é amor, é violência, e precisa ser combatida desde o início”, alertou.
A dirigente Neiva Esteves trouxe dados alarmantes sobre a violência contra a mulher no Ceará, destacando que o estado registrou 25.779 casos de violência contra mulheres apenas em 2024. “Nós não podemos esquecer da morte da jovem [quixeramobinense]. Precisamos que todos os envolvidos sejam punidos! Mas também não podemos esquecer de denunciar no nosso município, no serviço público, no comércio, os casos de assédio moral no local de trabalho. As mulheres estão adoecidas porque são assediadas todos os dias. Precisamos dar um basta à violência sexual, moral e psicológica, que afeta tantas mulheres, inclusive nas secretarias municipais e na Câmara Municipal”, denunciou Neiva.
A dirigente Graça Costa reforçou a necessidade de compreender a hitória de luta que envolve o Dia Internacional da Mulher, relembrando as trabalhadoras que foram mortas por reivindicarem melhores condições de trabalho e igualdade. “O 8 de março foi criado para mobilizar as mulheres trabalhadoras na defesa de seus direitos, para ecoar nossa voz não só entre os monólitos, mas na consciência e nos ouvidos daqueles que estão conosco. É necessário entender essa estrutura montada há séculos e como ela segue sendo um desafio para todas nós”, enfatizou.
O ato também trouxe reflexões sobre a violência sexual, reforçando que o estupro não ocorre apenas em situações de desconhecidos, mas dentro de casa, em relações conjugais. “Não é porque é marido e mulher que a relação sexual deve acontecer na vontade do homem. Precisa haver desejo e consentimento das duas partes. Quando um homem impõe esse ato, isso se chama estupro. Precisamos quebrar esse ciclo de silêncio e denunciar todas as formas de violência”, destacou Graça.
O sindicato reforça que o 8 de março não é uma data de celebração vazia, mas um dia de mobilização e enfrentamento contra o machismo, a misoginia e todas as formas de opressão que ainda persistem na sociedade.